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Imagem: Wherter Santana/Estadão Conteúdo |
O empresário Wesley Batista, irmão mais
velho do Joesley Batista, foi preso na manhã desta quarta-feira (13), em São
Paulo. A ordem de prisão é da 6ª Vara Federal Criminal.
A operação foi batizada como Acerto de
Contas e é a segunda fase da Operação Tendão de Aquiles.
Wesley é o atual presidente das empresas
do Grupo JBS.
Ele estava em sua casa em São Paulo e foi levado para a sede da
Superintendência da Polícia Federal na Lapa, na zona Oeste da capital.
A prisão de Wesley acontece três dias
após a prisão
temporária de Joesley, no último domingo, junto com o
executivo Ricardo Saud. Agora, os dois irmãos vão aguardar presos os
desdobramentos das investigações.
O ministro Edson Fachin, do STF (Supremo
Tribunal Federal) , determinou a prisão atendendo ao pedido do
procurador-geral da República Rodrigo Janot.
Essa série de prisões começou após a
divulgação do áudio de uma conversa entre Joesley e Saud, no qual eles abordam
fatos que teriam omitido do acordo, o que viola as regras da colaboração
premiada.
Na gravação, os delatores citam Marcelo Miller como um contato dentro da
Procuradoria-Geral da República que facilitaria a delação.
A Operação de hoje tem duas linhas de
investigação. A primeira é a realização de ordens de venda de ações de emissão
da JBS S/A na bolsa de valores, entre 24 de abril e 17 de maio, por sua
controladora, a empresa FB Participações S/A e a compra dessas ações, em
mercado, por parte da empresa JBS S/A, manipulando o mercado e fazendo com que
seus acionistas absorvessem parte do prejuízo decorrente da baixa das ações
que, de outra maneira, somente a FB Participações, uma empresa de capital
fechado, teria sofrido sozinha.
A segunda é a intensa compra de
contratos de derivativos de dólares entre 28 de abril e 17 de maio por parte da
JBS S/A, em desacordo com a movimentação usual da empresa, gerando ganhos
decorrentes da alta da moeda norte-americana após o dia 17.
Entenda o caso
O empresário Joesley Batista, um dos
acionistas do frigorífico JBS e um dos
maiores doadores de campanhas eleitorais no Brasil, fechou acordo de delação premiada
com a PGR em maio, quando entregou aos investigadores da força-tarefa da Lava
Jato o áudio de uma conversa entre ele e o presidente Michel Temer.
Em troca das informações, Joesley e
outros executivos da J&F receberam o benefício da imunidade penal, ou seja,
eles não seriam presos.
Mas para o acordo continuar valendo, os
delatores se comprometeram a entregar, até 31 de agosto, novos documentos que
comprovassem as acusações feitas — entre elas a de que a J&F teria feito
doações a mais de 1.800 políticos.
Nos documentos entregues, havia um
áudio, gravado em 17 de março deste ano, em que Saud e Joesley conversam sobre
o ex-procurador da República Marcelo Miller, que na data ainda trabalhava no
Ministério Público Federal — após se desligar do MPF, em abril, ele foi
contratado pelo escritório de advocacia que cuidou do acordo de leniência da
J&F (a delação premiada das empresas).
Com a suspeita de que Miller teria
aconselhado os executivos em meio às negociações de delação premiada, Janot
anunciou na segunda-feira (4) a revisão dos acordos de Joesley, Saud e também
do advogado Francisco de Assis e Silva, diretor jurídico da J&F. Na quinta
e na sexta-feira, os três executivos prestaram esclarecimentos à PGR, além do
ex-procurador Miller.
No sábado (9), a defesa dos delatores
solicitou audiência com o ministro Fachin, antes de o magistrado decidir sobre
a prisão, e colocou os passaportes dos executivos à disposição da Justiça, num
esforço para demonstrar que os acusados não iriam fugir do País. O encontro com
o ministro do STF acabou não acontecendo.
R7
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